quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os bons tempos já passaram


A solidão é algo bem complicado mesmo. O homem ou a mulher tende a ficar isolado geralmente quando vai chegando a idade da razão e não encontrou ainda (ou se encontrou não percebeu) a sua cara metade.

A idade da razão parece ser o momento ideal para o maturamento, onde você pensa sobre quem você é, o que conseguiu e onde pretende chegar.

Pode não ser exatamente isso que o filósofo iluminista Sartre diria se vivo fosse, mas parece ser esse estágio quase duradouro da tal solidão imposta por circunstâncias diversas.

As razões para isso? Podem ser várias.

A balada que antes fazia tanto sentido, hoje tá muito mais pra funkeiros que esfregam, esfregam um no outro sem sentimentos futuros.

Os barzinhos estão recheados de pessoas amargas, reclamando do dia-a-dia, enchendo a cara pra afogar as mágoas, um monte de mulheres com pedaços de pano no corpo que chamam de roupa, o externo aparece mais e fica complicado conhecer a parte interna da alma (se é que existe).

As coisas parecem meio sem sentido. Um divorciado com 56 anos com uma garota de 25 a tiracolo apresentando como namorada muito antes das pessoas perguntarem se é sua filha; um rapaz musculoso que passeia no shopping com uma mulher estilo periguete para mostrar que ele é o macho e ela...bom..ela é qualquer coisa...

Os valores? Bom...isso já desceu de ralo abaixo e já chegou na sarjeta faz muito tempo. O “boa-noite”, “obrigada”, “sinto muito”, “perdão pelo incomodo” são frases que nossos pais diziam e hoje já saíram do vocabulário da educação familiar desde o momento que o respeito foi pra sarjeta com os valores.

Quebrar a solidão de muitos que amam e não encontram a cara-metade ta bem complicada nessa geração plugada, antenada e “facebookada” cuja relação social está quase que limitada às redes sociais.

Você não tem rede social? Blogauta você ta fora da tribo, do gueto. “Um cantinho, um violão” e alguns colegas para trocar idéias viraram o clube do Facebookeiro, ou seja, compartilhar idas e vindas ao banheiro, a hora que você almoça, o que você assiste na TV (quando assiste) e o momento que você vai ficar off.

Tão rindo, é? Não é brincadeira não. São os novos tempos tribais que juntam um monte de gente em frente a uma tela, seja de que formato for, para compartilhar sentimentos.

Como diz um amigo meu:

-- Ó saudade das festinhas de ultima hora que a gente fazia só pra jogar conversa fora!!! Numa dessas, a gente terminava arrumando a cara-metade.

Na era do online tudo virou virtual. Até mesmo as tais festinhas...acho que a cara-metade também!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Honestidade: um produto em extinção


O que é um sujeito honesto? No pai dos burros ou no “Google-tudo”, honesto (adjetivo) é uma pessoa honrada em atitudes, ações, princípios e intenções, digno de confiança.

Na versão da minha avó, do meu pai e da minha mãe (que eu aprendi), a pessoa honesta é aquela que tem vergonha na cara, tem apenas uma palavra sem lero-lero e suas atitudes são coerentes no falar e no agir.

Minha falecida avó dizia que qualquer coisa fora disso é atitude de gente safada e sem moral pra administrar o galinheiro e o cachorro da sua casa.

Como eu sempre digo aos meus alunos, esses princípios que definem o caráter de uma pessoa jamais podem ser apreendidos e absorvidos na escola ou na universidade. Isso vem de berço ou de rede. Isto é: vem de casa, da sua raiz, da sua base familiar.

Outro dia estava no shopping em Recife (a cidade que tem a orla mais linda do NE) e depois de pagar por um produto em uma loja peguei o troco, olhei rapidamente e coloquei na bolsa.

Segui para Praça de Alimentação e quando fui pagar o lanche é que percebi que o caixa da loja de roupa me entregou uma cédula de 100 reais a mais no troco. Ela se atrapalhou já que o dinheiro tava muito novinho e difícil de manusear.

Voltei até a longa (longe que só da Praça...) para devolver o dinheiro e a gerente ficou extremamente espantada:

-- Poxa vida, moça! Você veio devolver 100 reais? Isso é demais.

Quem tava espantada nessa altura era eu. Daí questionei:

-- E não é pra devolver, não?

-- Sim (respondeu ela bem assustada). Mas ninguém faz isso. Ou você pensa que todo mundo é honesto? A honestidade está em extinção.

Como não podia deixar passar a oportunidade, alfinetei...

-- Querida...não podemos pensar assim das pessoas. Temos que dar uma chance ao ser humano. Menos aos políticos, claro! Esses dizem que são honestos. Só dizem, mas não são e não parecem ser.

Pois não é que ela me solta esta perola:

-- Sabe que tem gente por aí fazendo a mesma coisa que os políticos?

Mesmo sem ter o que dizer repliquei:

-- Pode ser que essa gente esteja aprendendo isso com eles...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A mulher das cabras e sua visão sobre políticos


Dona Pedrina das Cabras é uma senhora simples, tem uns 50 anos aparentando 70, um ar de quem ainda não construiu nada na vida, mas que segue em frente porque atrás vem muita gente.

Fala pouco, tem sorriso tímido, anda meio corcunda e sempre acompanhada das suas cabras. Dona Pedrinha mora próximo a minha casa no bairro São José, antigo bairro do Cheiroso (chamado assim porque tinha um canal que fedia como nunca) e costuma todos os dias passear, ou melhor, pastar as suas cabras num terreno baldio em frente a minha residência.

Os animais moram com ela. Todas as cabras, uma média de 30, convivem harmoniosamente por dentro de casa, visitam os quartos, sobem no sofá e fazem suas necessidades em qualquer lugar.

Tão achando complicado? Eu também. Mas é a pura verdade.

Logo quando cheguei aqui em Petrolina e nessa casa onde moro (há uns 7 anos), dona Pedrina já tinha esse hábito que para ela é hiper normal. As cabras, diz ela, são pessoas da família. De fato deve ser. Afinal, quando ela grita o comando “entre”/”saía daí” ou qualquer coisa que não consigo entender, vejo que os animais obedecem como criança (o que nem sempre acontece também).

Dia desses estava saindo para academia no final da tarde e dona Pedrinha vinha com aquela “manada” adestrando pela rua com uma vara bem fininha. Ela gritava:

-- Vamos pra casa, meninas...andem...nada de subir na lixeira de dona Teresa pra roubar o lixo!

Diante da cena, falei meio constrangida:

-- Dona Pedrina as suas cabras são bem educadas quando estão próximas da senhora, não é mesmo?

Eis que vem uma resposta surpresa para mim.

-- Pois é minha filha. Minhas cabras “é” como o povo. Vê político fazendo coisa errada e ainda vota nele. Basta passar um tempinho pra esquecer tudo que não presta que eles fazem e o povo tome a votar nele novamente...

Indaguei espantada:

-- Poxa, Dona Pedrinha, não sabia que a senhora entendia de política.

Ela põe uma das mãos na cintura e responde de imediato:

-- De política não, minha filha, mas de ladrão eu conheço de longe! É por isso que sei quando as cabras querem roubar seu lixo...

Depois dessa fui pra academia muda, muda...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Roberto Carlos (deputado) ajuda (inocentemente) ex-BBB

Foto: Blog Folha São Francisco

Tão logo qualquer aspirante de “celebridade” entra e sai dos tais BBB, A Fazenda ou qualquer coisa do gênero, se filia em agremiações políticas (e não esportivas) para concorrer nas eleições municipal, estadual ou federal.

Daí, quando falo que estamos totalmente sem referência política nesse país, começo pelo jerico que anda pelo pasto da nossa região.

Pois não é que o então deputado estadual Roberto Carlos (PDT-Juazeiro-BA), aquele que fez sua campanha dizendo que foi pobre igual a Lula e vendeu tempero na feira, posa de bom moço com a ex-BBB, Anamara “num sei das quantas”, que se filiou ao partido para possivelmente sair candidata a vereadora pela terra de João Gilberto?

O melhor de tudo é a defesa ou bandeira da jovem (nem vou falar do estilo da moça à lá Mulher Popozuda...) pela qual Roberto Carlos, com seu aspecto inocente feito criança, defende com unhas e dentes como relevância política para a região.

Segundo ele, a moça é uma “mulher batalhadora, autêntica, vencedora, defende suas convicções sem medo da oposição e assim poderá representar os interesses da população juazeirense.”(texto veiculado nos blogs Folha do São Francisco e Carlos Britto).

Pensando bem direitinho, vai que o deputado pode até ter razão. Afinal, se Brasília, a capital dos políticos aloprados, conserva em seus currais, larápios, palhaços, ex-jogadores com perfil de qualquer coisa, meretrizes e tantas outras qualificações que “enaltecem” o Congresso, por que a Câmera de Vereadores de Juazeiro não pode ter o mesmo privilégio?

Ora, não vamos esquecer que a ex-dama do Bumbum, a cantora (que se diz ser) e atriz pornô (isso de fato ela é), Gretchen, também já se filiou a um partido, o PPS, em 2008, e com apoio de políticos como Raul Julgmann e Roberto Freire.

Sendo assim, podemos deduzir que Roberto Carlos, que foi pobre igual a Lula e vendeu tempero na feira de Juazeiro, aprendeu o ofício direitinho com seus compatriotas de serviço.

Afinal, uma moça com esses atributos imprescindíveis a classe política tem mais é que concorrer a uma vaginha na Casa Aprígio Duarte Filho (casa de nós todos) com o apoio todo inocente do deputado dos pobres.

E tenho dito...sofro muito...

domingo, 9 de outubro de 2011

Oi-Velox: um horror (três dias sem internet)

Sabe quando o mundo parece acabar diante de você? É quase assim quando gente como a gente fica sem internet. Um desespero total, sobretudo nesse período em que os bancos e os correios estão em greve.

Pagar algo na fila da Casa Lotérica, então? Um exercício de muita, muita, muita paciência.

Fiquei 3 dias sem internet e tudo isso porque resolvi aumentar minha velocidade da chamada banda larga de 2 para 5 gigas. Explico.

Tudo começou quando percebi que pagando a Velox por 5 gigas a diferença na conta era apenas de R$ 2,69. Oba!!!! Pensei alegre feito criança quando recebe um pirulito da mãe depois de tomar vacina.

Diante de tal facilidade, minha avó certamente diria aquele velho ditado “esmola grande o cego desconfia”.

Todo o processo foi feito pelo fone convencional da Oi, claro, onde uma moça muito simpática olhou lá na tela do sistema da operadora (acho que da Bahia ou Minhas Gerais...) e me convenceu a aumentar a velocidade da rede já que a diferença era tão pouca. Resultado: a rede não atende ou não suporta.

Fiquei sem internet e liguei várias vezes para o tal número 13131 e fiz umas 9 ocorrências com protocolo e tudo. Até que finalmente um técnico de Petrolina ligou pra mim no sábado, 8, e disse assim:

-- Você pediu para aumentar a velocidade de 2 para 5 gigas?

-- Sim (respondo eu achando que to abafando...)

-- Sinto lhe dizer mas tecnicamente a Velox não pode atender.

-- Como não pode? E por que a abençoada da moça, atendente, explicou que não tinha problema nenhum em fazer a alteração?

-- É que ela olha uma tela apenas mas não sabe como funciona tecnicamente. Ou seja, não sabe como o sinal chega até sua casa. Ela apenas vende o serviço.

Quase tenho um troço daquele de quebrar o braço.

-- Explique melhor, meu senhor, por favor....

-- Do ponto que recebemos a linha ela só pode atender até 4,5 km. Assim, não adianta aumentar a velocidade porque o sistema não suporta e não chega ao local.

Vocês entenderam como a Oi-Velox faz com todo mundo?????

Depois de compreender o papel dominador da empresa na região, já que não existe concorrente, o técnico finalmente veio a minha casa, consertou o sistema de recebimento do sinal, continuo com 2 gigas (ruim de todo jeito) e por enquanto não tenho outra opção.

Como não desisto das coisas, fiz um registro do problema no site http://www.reclameaqui.com.br/. Anotem esse endereço vocês também...

Nada de passar em branco. Além da dor de cabeça que tive em função da ausência do serviço ainda fui lesada na minha condição de consumidora.

Precisamos de concorrência na área de internet. Sem isso, não teremos prestação de serviço condizente com o que pagamos.

Sem contar que fiquei sem pagar faturas pela internet, sem ler notícias na rede, sem postar no blog...sem comentar a queda do palanque político da abertura da Vinhuva Fest de Lagoa Grande (06.10.).

Ah! E só pra aproveitar a deixa...vai ver que a queda foi em função do peso da consciência dos políticos em relação as suas atuações....

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Eleições 2012 nas ruas...faz tempo


Fazendo um rápido passeio nos blogs, sites e noticiários nos rádios da região podemos ter um panorama da temperatura alta que acusa o termômetro das eleições de 2012.

Considerando quase toda imprensa sensacionalista, papel inclusive assumido pelo apresentador/radialista, Edenevaldo Alves, assim como outras figuras carimbadas na região, ainda assim, o ouvinte, blogauta, internauta (que também é eleitor) pode fazer uma análise, mesmo que seja preliminar, da arquitetura eleitoral que se desenha em toda região.

Enquanto as eleições não chegam de direito, sim, porque de fato elas já estão nas ruas, o corre-corre pra mudar de legenda e assumir outras posturas chamadas “ideológicas” é qualquer coisa de aberrante.

O que mais impressiona (isso eu tenho que comentar) são as plataformas eleitorais, as mudanças de palanque e de partido, o retorno de figuras que já passearam pelos pastos políticos das câmeras de vereadores e o discurso nada verdadeiro dos candidatos.

Confesso a vocês, blogautas, que a coisa que me deixa mais indignada é ler ou ouvir políticos discursarem lorotas, tipo:

“ por amor ao meu povo, sou candidato”;


“tenho compromisso com meu povo, por isso sou candidato”;

“foi o clamor desse povo sofrido que me estimulou a voltar à luta”;

“eu sou candidato para fazer a vontade da minha gente e não dos governantes.”

Tem outro texto bem bizarro, tipo: “eu sou uma pessoa honesta por natureza” Como se honestidade fosse um produto a ser vendido e não obrigação. Pode?

Isso é o espelho de uma pobre democracia que está na UTI com falência múltipla dos órgãos, digo, dos princípios éticos e morais que sustentam uma sociedade.

Por aqui o exercício dessa democracia passa bem longe dos reais princípios criados pelos gregos.

Também...quando eles pensaram num sistema “para o povo e pelo povo", duvido muito que eles imaginassem ter tantos políticos corruptos como no Brasil!!!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vera é o “baluarte da política juazeirense”, diz Bebela

Belela | Foto: Divulgação

De tanto eu falar sobre políticos que querem ser, mas não são “baluartes da verdade”, “reserva moral” e “referência a ser seguida” eis que recebo um email da minha ex-aluna e hoje jornalista Laiza Campos sobre uma opinião de Belela Pontes, àquela que pode ser considerada a maior expressão histórica e cultural de Juazeiro-BA, em relação à professora e jornalista Vera Medeiros.

No email, Laiza Campos (será que ela é prima de Eduardo Campos, governador de PE?) diz que Belela considera Vera o “baluarte da política juazeirense”. Imagino que Vera, que também foi minha aluna de jornalismo da mesma turma de Laiza, deve sentir-se honrada com tal elogio.

Afinal, numa terra onde não existe um político que possa dizer que é defensor dos interesses do povo, saber que Bebela, uma sumidade intelectual e referência na região pensa dessa forma sobre ela é pra ficar, no mínimo, impressionada com tal afirmação.

Se fosse em outros tempos de áurea no fazer política partidária, poderia até Vera pensar em ser candidata.

Poderia!!! Não é mesmo?

Com tantas maracutaias, negociatas, ajuntamento, mudança de partido e de palanque, discurso evasivo, troca-troca de marido-mulher, desvio de conduta e tantas outras mazelas dessa política herdada de uma cultura onde a divisão é “muitos com nada e poucos com muito”, o difícil é sobreviver nessa terra sem lei.

Vai o recado para Vera Medeiros. Amiga é melhor você continuar ensinando e fazendo jornalismo.

Sofre menos, tá?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Odacy no PT: é tudo estratégia

Eu tenho alguns amigos que moram em meu coração de cadeirinha e sem pagar aluguel. O professor Bráulio Wanderley é um deles. Uma pessoa que admiro muito e nutro um carinho todo especial, embora ele seja do PT, vermelho carmim e radicalmente apaixonado por política e políticos.

Mas é amigo e ninguém é perfeito. O que se pode fazer?

Depois que o ex-prefeito de Petrolina, Odacy Amorim, deixou o PSB na última sexta-feira, 30, e migrou de carruagem para o PT, Bráulio fez um texto apaixonante, postou no Blog de Jamildo, no JC Onlline, e ainda teve a coragem e a cara-de-pau (é meu amigo, né?) de mandar pra mim.

Como minha resposta foi curta de apenas uma frase, “é tudo estratégia”, Bráulio achou pouco e enviou email de volta com esta pergunta (tudo em Caixa Alta mesmo):

AMIGA TERESA,
QUAL A ANÁLISE QUE VOCÊ FAZ DOS QUADROS DE JUAZEIRO E PETROLINA?

Quase tive um troço quando li a frase. Afinal, como posso fazer uma análise dos quadros de Juazeiro-BA e Petrolina-PE se não acredito, absolutamente, em nenhum político (vivo) nessa região ou no Congresso, ou seja lá em que parte for desse país?

Não consigo achar um fio de luz no fim do túnel quando o assunto é política partidária. E ponto.

Derrotismo à parte, mesmo que tenha uma sombra de esperança em qualquer mandacaru desse sertão abaixo e acima fico imaginando que figura ou gravura pode entrar na política, seja do lado de cá ou da banda de lá, que não se corrompa com esse sistema eleitoral adestrado pelos carrascos politiqueiros de plantão?

Não consigo imaginar uma. Se existe uma única exceção digna de toda honra me apresente. Quero conhecer esse baluarte da verdade. No mínimo não nasceu aqui no Brasil e também nunca morou em Afrânio, Salgueiro, Jaboatão dos Guararapes, em PE. Assim como em Juazeiro, Bonfim, Barreiras, na BA, ou em Brasília...só pra citar algumas cidades...

Como meu amigo Bráulio é vermelho escarlate, usa a estrela do PT no peito como símbolo de resistência da vanguarda bolchevista e ainda acredita que Papai Noel existe e vai trazer um monte de presentes para as criancinhas do orfanato no dia de Natal, vou considerar a pergunta dele um ato de construção para o debate.

Afinal, dizem os sociólogos de plantão (e eu me incluo) que uma democracia para ser considerada democracia tem que ter no mínimo 100 anos.

A gente tá um pouco longe disso, mas espero que chegue lá...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Roubaram todos os óculos 3D do cinema

Já faz certo tempo que uma colega da academia de musculação me pediu para escrever algo sobre os roubos dos óculos 3D dos cinemas de Petrolina. Achei que ela tava certa. É preciso mesmo falar sobre isso.

Com o roubo não há exibição de alguns títulos nas salas de projeção que usariam essa tecnologia e o shopping foi “forçado” a fazer uma cartilha para orientar o espectador sobre o uso da sala de cinema e os cuidados com os equipamentos.

Fiquei pensando... pensando... e depois fiz uma pergunta a mim mesma: quem roubaria um óculos 3D do cinema e com qual objetivo?

A peça é feita para uso em sala de projeção específica. Os DVDs com essa tecnologia já vem com os óculos para uso domiciliar. Em casa, mesmo que você tenha a maior tela de TV com melhor resolução é completamente diferente do cinema, aquela telona entrando em nossa vida de forma compulsiva.

Depois de muito meditar sobre quem roubaria uma peça quase sem utilidade fora do seu habitat, anotei algumas pessoas que jamais seriam capazes de roubar tal objeto:

a)Dona Maria do Quidé (bairro de periferia de Juazeiro-BA). Gente, essa mulher é mãe de família, dona de casa, lavadeira por necessidade, uma trabalhadora braçal, nunca entrou numa sala de cinema, que dirá roubar um óculos 3D?

b) Seu João que mora no João de Deus (bairro de periferia de Petrolina-PE). Um senhor com mais de 60 anos, pedreiro, ajudante de mecânico e nas horas vagas (se é que tem) costuma auxiliar a mulher que trabalha vendendo cachorro quente no centro universitário. Seu João é gente da melhor qualidade. Homem honesto e decente que nunca entrou numa sala de cinema em toda sua vida.

c) Outra pessoa que tenho certeza que não roubou nenhum óculos é dona Pedrina da “cabra”. Uma senhora que mora na minha rua e cria mais de 30 cabras, uns 3 gatos e 2 cachorros de rua. As cabras de dona Pedrina e os gatos moram dentro da casa dela. É sério!!! To falando pra vocês.

Ela solta as cabras pela manhã, tipo 9h e fica acompanhando elas pastarem em dois terrenos vazios próximos a minha casa. Mais ou menos meio dia, dona Pedrina recolhe os bichos para dentro de casa. Ela me disse que tem os animais como pessoa da família e que sua vida é dedicada a eles.

Gente tenho certeza absoluta que dona Pedrina, seu João e dona Maria do Quidé não roubaram os óculos 3D das salas de cinemas de Petrolina.

E se não foram eles, nem todos aqueles que nunca entraram numa sala de cinema porque não tem dinheiro para pagar os ingressos, quem roubou?

Veja as opções abaixo e responda qual delas pode ser a correta:

a) Pessoas da classe média ou alta que tem dinheiro pra ir ao cinema, lanchar depois da exibição e ainda comprar produtos em lojas onde se paga pela etiqueta da roupa.

b) Pessoas que tem dinheiro, mas não tem educação de berço.

c) Pessoas que tem dinheiro, não tem educação de berço e não tão nem aí com o que possam pensar sobre esse roubo. E o pior: não acham nada demais fazer esse tipo de vandalismo.

d) Todas as opções acima.

Se minha avó fosse viva diria: “isso é falta de peia”. Traduzindo para hoje: falta de limite, falta de educação, falta de caráter, falta de vergonha...