domingo, 27 de abril de 2008

O exemplo do vereador “Justino Figura”


Com um discurso afiado, pouco entendível e totalmente fictício o personagem candidato a “vereador”, Justino Figura, criado pela Emissora Rural no sentido de fazer uma parodia em relação aos “reais candidatos” tem uma plataforma de campanha toda semelhante com os tais representantes do povo.

As semelhanças podem ser percebidas quando Justino Figura explica de forma complexa e totalmente tangível o que pensa em relação aos anseios do povo. Quando ele defende, defende e defende que está trabalhando em prol da comunidade e não diz absolutamente nada do que verdadeiramente está fazendo.

O personagem Justino é a representação cabal de uma desordem pública impregnada nas Câmaras de Vereadores dos diversos municípios do Brasil a fora. É a ausência da credibilidade no homem público, numa figura que deveria ser impoluta e, no entanto tem uma imagem desgastada e associada à falcatrua, desvio de verba pública, nepotismo e impunidade.

A cobrança dos eleitores para Justino é um exemplo do descaso dos políticos com a sociedade, do não cumprimento da plataforma de campanha eleitoral. Além disso, promessas e visitas em período de eleição é uma práxis das estratégias de marketing e que após o pleito tudo volta a ser o que era antes, ou seja, nada.

Justificar ausências, dificuldades para exercer o mandato e colocar a culpa na oposição também fazem parte da retórica de candidatos como Justino Figura que além de se apresentar como um excelente comunicólogo é também um ator midiático fatal. Onde a imprensa está ele se faz presente para não perder a oportunidade de opinar e se mostrar sensível aos problemas sociais.

Diante do caos generalizado em Câmaras municipais, Assembléias e no Congresso Nacional poucas são as opções que o eleitor terá para selecionar entre tantos larápios quais são aqueles que levam apenas os ovos e não as galinhas.

Assim, o exemplo do vereador “Justino Figura” serve sempre para nos lembrar que o nosso voto decide as eleições.

sábado, 26 de abril de 2008

A síndrome da notícia ruim

Ruth Aquino
Época 26/04/2008
Edição nº 519

Há leitores que exigem sangue na arena. Mas muitos já se cansaram do exagero.

Não agüento mais ouvir falar do caso Isabella. Não suporto mais a cara de sonso do pai, o choro falso da madrasta, a frieza do avô/advogado paterno. Não tenho mais paciência para a disputa de egos e holofotes entre as delegacias, a promotoria e a defesa.

Não tenho estômago para ver a multidão de linchadores que apedreja carros e tira seus filhos da escola para assistir a esse circo. Não entendo como se transforma um crime hediondo numa novela das 8 em capítulos. Não é plausível que se tente fechar parte do espaço aéreo de São Paulo para reconstituir o crime durante um domingão de lazer familiar.

Não tenho nenhuma esperança de que os assassinos dessa menina de 5 anos sejam exemplarmente punidos. Não com as nossas leis, mais rigorosas com seqüestros que com homicídios. Não com nossa proteção legal e leniente aos criminosos com grana e status social. Talvez por isso a sociedade esperneie tanto. Por saber que não há prisão perpétua para monstros no Brasil. Clic aqui e leia texto completo.

Comentário veiculado em Época

Sobre o texto acima A síndorme da notícia ruim de Rute Aquino fiz este comentário que está na revista Época 26/04/2008 - 01:11 Edição nº 519.

Não apenas você mais alguns outros gatos pingados colegas de profissão têm esta mesma visão relatada tão bem em seu texto. Nossa reflexão sobre o Caso Isabella passa não apenas pela espetacularização que a mídia faz da tragédia, bem como o aproveitamento de alguns veículos da comoção nacional, mas, sobretudo das conseqüências danosas que a sociedade herdará após o desfecho (ou não) desse caso.

Seja o ele o resultado que for sairemos perdendo enquanto sociedade. Ficaremos cada vez mais reféns de uma mídia manipulativa e teatral. Uma mídia que força a barra exaustivamente sobre determinadas temáticas e esquece de outras. Afinal, quantas “Isabellas” não existem todos os dias neste país a fora? Passa por esta análise uma série de ausências da justiça, do Estado, da polícia, do controle de uma violência que está generalizada e banalizada, da impunidade reinante, do viver de forma psico-social singular, natural...

Buscamos respostas na pressão midiática para atender a essas demandas. As conseqüências disso? Ficaremos atrelados a este circo “noticioso” e passaremos a substituir o poder judiciário pela força do shownews. E a partir daí estaremos legitimando a grande imprensa representante da justiça social.

Nesse embate, a sociedade é totalmente perdedora.
Veja também no site da revista Época.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quanto vale mesmo o seu voto? A novela continua... Parte 2

Diante de uma indefinição política entre candidatos e candidatos do mesmo partido parece que as eleições de Petrolina, em especial, para prefeito ficam entre um discurso político arcaico e um outro de “mudança” meio que demagogo.

Sem entender muito bem de que lado alguns vereadores estão a novela da candidatura do atual prefeito Odacy Amorim, PSB, para sair na brigar das urnas parece mesmo esperar pelo dia D. Ou será o dia do “d”esistir? Ou talvez “d”eclinar? Ou “d” de definição dos que controlam a política local?

O desfecho da novela pode mudar nos últimos capítulos. Afinal, por se tratar de uma obra aberta o gênero novela aceita pitacos de alguns outros escritores, da opinião pública e dos números aferidos pela audiência.

Enquanto isso ao meio dia, vereadores montam estratégias de discursos para pressionar partidos, lideranças local e estadual. Para completar o ti-ti-ti uma parte da imprensa é convidada ao debate e se faz presente na conversa buscando “apimentar” o que já está meio complicado de entender.

Ilusão e desilusão para homens inteligentes como vereadores e deputados que têm conhecimentos afiados que ao chamarem a imprensa para sentar à mesa num debate o propósito é que o assunto sai mesmo do pequeno reduto e crie um volume de informação muito maior que o próprio motivo da reunião.

Assim como há honrados (raríssimos) e desonrados na política (parcela maior) a imprensa também sofre com suas mazelas e entulhos que vão sendo empurrados por aí muitas vezes pelas ligações perigosas com grandes escalões ministeriais.

Conflito à parte, resta entender nesse emaranhado de disse-me-disse o que realmente os candidatos querem e quais as verdadeiras intenções para as atuações desses “representantes do povo” para evitar que seus projetos políticos tenham seus bolsos como caminhos para o bel prazer do erário público.

Ao povo resta a reflexão. Quanto vale mesmo o seu voto?

As verbas de gabinete do Senado

O site Transparência Brasi (veja link ao lado) apresenta o estudo “As verbas de gabinete no Senado”, em que analisa a prestação de contas dos senadores no que diz respeito ao uso das chamadas verbas “indenizatórias”.

Após anos de resistência a demandas para a divulgação na Internet de informações sobre a atividade de seus integrantes, em 2008 o Senado finalmente começou a publicar dados sobre os recursos que seus parlamentares embolsam para correios, combustíveis, aluguel de escritório e outras despesas.

Contudo, o Senado, ao contrário da Câmara dos Deputados, ainda dificulta o acesso a informação sobre a presença dos senadores ao trabalho, sobre gastos com viagens dos parlamentares e sobre despesas com vencimentos dos “assessores”.

O estudo “As verbas de gabinete no Senado” leva em conta os dados verificáveis em 15 de abril de 2008. Essas informações, entre outros dados, como processos na Justiça e financiamento eleitoral, podem ser consultadas no Excelências, projeto da Transparência Brasil.

Eis algumas das constatações sobre o uso de verba “indenizatória” entre fevereiro e abril no Senado:

  • Os 73 senadores que prestaram conta embolsaram R$ 1,604 milhão no período;
  • A maior fatia, R$ 621 mil, foi consumida em na categoria que inclui transporte, alimentação, estadia e combustível. Seis senadores informaram gastos superiores a R$ 20 mil nesse item;
  • Em “divulgação da atividade parlamentar” e “consultorias”, 54 senadores gastaram R$ 556 mil. Nessa item, três apresentaram despesas iguais ou superiores a R$ 30 mil;
  • Em “aluguel de escritório político” foram quase R$ 430 mil. Sete senadores declararam despesas superiores a R$ 15 mil;
  • O Excelências é o único sítio de Internet em que são visualizadas essas diferentes famílias de informação sobre parlamentares eleitos. O projeto venceu o Prêmio Esso de Reportagem de 2006 na categoria "Melhor contribuição à imprensa".

Fonte: Transparência Brasil

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Poesia pra gente ficar feliz

DESEJOS
Carlos Drummond de Andrade

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você

Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação

Queijo com goiabada
Pôr-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Quanto vale o seu voto? Parte 1


Em ano eleitoral há sempre questionamentos sobre a importância do voto, o uso do voto como barganha para cargos, negócios e troca de favores. Também em ano eleitoral, o TSE, Tribunal Superior Eleitoral, está sempre divulgando campanhas explicativas sobre como votar e a relevância do voto para o exercício da democracia.

Vale ressaltar, também, que o cenário político nacional e regional deixa o eleitor sempre com uma pulga atrás da orelha. Como votar? Em quem podemos acreditar? O que faz um candidato ser diferente do outro? Quem garante que o candidato não seja (ou já é) corrupto? Use e abuse do poder em beneficio próprio ou dos seus protegidos?

A mistura de inconformismo e contestação faz do eleitor um agente secreto da mudança. Afinal, está em suas mãos o rumo do município, do estado e da federação. Ele votará e elegerá o representante do povo. Tudo isso de forma democrática e legitima. Cabe ao candidato, ou pelo menos deveria caber, exercer seu mandato em prol da coletividade. Até porque foi com este propósito que ele “fez campanhas” (pelo menos é o que eles dizem....) e desenhou sua plataforma. Visitou comunidades, participou de debates, expôs sua vida privada para que todos possam o conhecer sem mascaras.

E quais os critérios para escolher este candidato?

Que tal, verificar num primeiro momento o seu passado? Seu discurso de ontem e de hoje. Se ele honra na prática o que diz na teoria. Há coerência? Qual a sua história profissional, em família, com amigos? É preciso, ainda, perceber se ele está sempre visitado a comunidade independentemente de eleição ou não, se de fato ele fez alguma coisa pela coletividade, se não está envolvido em caixa 2, 3, falcatruas, desvios de dinheiro público, negociatas, nepotismo, protecionismo...

No segundo momento é hora de analisar sua plataforma política. Propostas, projetos e ações que possam ser desenvolvidas para beneficiar o maior número possível de pessoas.

Agora entramos numa etapa complexa. Ninguém governa sozinho. E que tipo de coligação o seu candidato está envolvido? Quais os interesses dessas forças políticas? Que “projeto político” está sendo desenhado para esta e as outras eleições?

Depois de passar nessa peneira, resta saber se vai ter candidato pra gente votar. Alguém aí conhece algum??

Quanto vale o seu voto? Continua...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O caso Isabella 1

Como mãe, estou me sentido triste, amargurada e sem entender um pouco todo este espetáculo que virou a tragédia do Caso Isabella. Como profissional estou tão assustada quanto qualquer leitor, blogauta, internauta, telespectador, ouvinte...

Mesmo que tudo venha a se concretizar de forma cabal e certa, mesmo que os exames pericial e a justiça provem que o pai de Isabella, Alexandre Nardoni, 29, e/ou a madastra, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, sejam culpados por este crime terrível, ainda assim, a impresa jamais poderia julgar e condenar quem quer que seja antes do veredito.

Isso nos leva, novamente, a uma grande reflexão sobre o verdadeiro papel da mídia. Fato este que repasso abaixo numa matéria veiculada no site Observatório da Imprensa.

Absolutamente, a nossa sociedade do espetáculo está muito doente.

O caso Isabella 2


JORNALISMO POLICIAL
O caso Isabella Nardoni é uma nova Escola Base?

Por Luiz Antonio Magalhães
Foto: Divulgação

O episódio da morte da menina Isabella Oliveira Nardoni, de 5 anos, que está comovendo o país, e é um desses casos policiais repletos de mistérios e que pode até ter um final surpreendente. A partir da história contada pelo pai e pela madrasta da menina à polícia, as suspeitas se voltaram justamente contra o casal, especialmente o pai: segundo o relato, ele teria subido para o apartamento com Isabella já adormecida, colocado ela na cama, trancado a porta e retornado para a garagem a fim de ajudar sua mulher a subir com os dois filhos do casal, meio-irmãos da garota.

Quando enfim os dois voltaram ao apartamento com as crianças, a porta estaria aberta, a luz do quarto dos irmãos de Isabella acesa, e a rede de proteção, cortada. Por ali a menina teria sido jogada para a morte.

Uma série de indícios, porém, colocaram em xeque a versão do pai e da madrasta: havia vestígios de sangue no apartamento, Isabella parece ter morrido por asfixia e quebrou apenas um pulso na queda. Há também o relato de vizinhos que teriam ouvido a menina gritar "Pára, pai! Pára, pai!". Tudo isto deu motivo para que uma delegada que acompanha o caso tenha chamado o pai de Isabella de assassino na saída do depoimento à polícia. Segundo informação publicada nos jornais, há entre os investigadores quem acredite que Isabella sequer foi jogada pela janela.

A soma dos indícios sem dúvida pode levar o público a desconfiar da história contada pelo pai e pela madrasta da criança morta, mas não pode de maneira alguma permitir que os responsáveis pela publicação das reportagens sobre o caso tratem o casal como culpados ou mesmo suspeitos em um momento tão inicial das investigações.

Veja a matéria completa no Observatório da Imprensa.