sábado, 26 de abril de 2008

A síndrome da notícia ruim

Ruth Aquino
Época 26/04/2008
Edição nº 519

Há leitores que exigem sangue na arena. Mas muitos já se cansaram do exagero.

Não agüento mais ouvir falar do caso Isabella. Não suporto mais a cara de sonso do pai, o choro falso da madrasta, a frieza do avô/advogado paterno. Não tenho mais paciência para a disputa de egos e holofotes entre as delegacias, a promotoria e a defesa.

Não tenho estômago para ver a multidão de linchadores que apedreja carros e tira seus filhos da escola para assistir a esse circo. Não entendo como se transforma um crime hediondo numa novela das 8 em capítulos. Não é plausível que se tente fechar parte do espaço aéreo de São Paulo para reconstituir o crime durante um domingão de lazer familiar.

Não tenho nenhuma esperança de que os assassinos dessa menina de 5 anos sejam exemplarmente punidos. Não com as nossas leis, mais rigorosas com seqüestros que com homicídios. Não com nossa proteção legal e leniente aos criminosos com grana e status social. Talvez por isso a sociedade esperneie tanto. Por saber que não há prisão perpétua para monstros no Brasil. Clic aqui e leia texto completo.