segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Meu ex-câncer de mama...parte 5


Na estratificação de periculosidade mortal ou na "reta da morte" como costumo falar, o meu ex-câncer estava no estágio 1 (um). Ou seja, descoberto bem no início e sem ocasionar metástase. Diante desse quadro clínico não preciso fazer a quimo.

A lógica é mais ou menos assim: não tenho histórico familiar, não havia linfoma cancerígeno nas axilas e o tumor foi pequeno (0,7cm) e retirado. Nesse quadro tenho que fazer radioterapia no Recife (5 semanas direto, menos sábado e domingo) e tomar (por 10 anos) uma droga chamada TMX (nunca ouvi falar na minha vida...até porque sou avessa a remédio e não tomo nenhum, nem pra dor de cabeça). E vamos combinar: 10 anos é tempo demais, hen?

A droga foi prescrita pelo oncologista doutor Gray Portela -- figura maravilhosa, de bem com a vida, simpático, humano e parecia que me conhecia desde sempre -- que começa a me acompanhar a partir de agora.

A TMX tem um monte de efeitos colaterais uns graves outros desesperadores que levam a pessoa até a perda parcial da visão, passando pela gastrite intestinal e outros males. Uii!!!! Esta será uma luta constante. Mas vamos deixar isso pra outro momento...to no quarto dia do remédio...uma coisa de cada vez.

A partir de agora passo a fazer parte da estatística em Petrolina das 1001 mulheres (que número assustador!!) que tomam este remédio. A droga vai agir em um dos meus hormônios, os estrógenos (o possível alimentador do meu ex-câncer). Os estrógenos são produzidos pelos folículos ovarianos em maturação e induzem as células de muitos locais do organismo, a proliferar, isto é, a aumentar em número. Todo o cuidado é pouco já que estou na estatística de mulheres que menstruam normalmente e, portanto este hormônio faz parte do meu dia a dia.

Depois de passar o meu histórico de vida dos últimos 3 anos para dr. Gray, ele fez uma pontuação interessante sobre o meu momento de “luta e estresse” durante os 2 anos (2010/2012) de mestrado com as idas e vindas toda semana para Recife/João Pessoa/Petrolina e as aulas que ministrava na Uneb/Juazeiro. De fato, o acumulo de trabalho, mesmo que você seja uma pessoa bem resolvida, é um dos colaboradores para o surgimento do câncer.

Ainda assim, ele ressaltou que minha alimentação balanceada e o fato de ser uma frequentadora assídua de academia (não posso deixar de fazer exercício de forma alguma) ajudam e muito no tratamento. A luta é longa e começa agora. Nova baterias de exames em Recife e radioterapia. Vamos em frente!

Sobre o meu bom humor, disposição e tranquilidade diante de uma possível “reta da morte” (rsrsrs..) dr. Gray ficou entusiasmado e falou que eu não precisava passar pela psicóloga da clínica (ação obrigatória para todos os pacientes com câncer que chegam a unidade). No meu caso eu poderia tomar o lugar dela.

Toda honra e toda glória eu credito ao Deus que creio. A vida tem dessas coisas e ter fé e confiança em Deus proporcionam coragem para continuar. Desistir? Nunca.