quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Uns dias em Brasília - Parte 1

Foto: Divulgação

As pessoas em Brasília correm, vivem e vivem em função das atividades profissionais. Por aqui pouco ou quase nada acontece na área cultural ao custo de 0800. Tudo é muito caro e polarizado. Funciona no estilo gueto. Ala X ou Y tem boates ou restaurantes ou um pólo comercial ou outro tipo de atividade.

No geral os nativos são introspectivos e aparentam estar em posição de alerta o tempo todo. Não baixam a guarda. Mas, tem muita gente de fora: Ceará, Pernambuco, Bahia, São Paulo... ou seja, parte do povo daqui vem de muitos lugares. Esses não ficam tão preocupados na questão do sotaque, por exemplo.

Conversando com os motoristas de táxi ("entrevistados" por mim o tempo todo assim que entrava dentro do carro) eles contaram coisas de arrepiar qualquer cidadão de bem (o que é o meu caso).

Falam das piriguetes que chegam a Brasília para fazer programas com assessores, parlamentares, juízes e por aí vai...É um corre-corre daqueles entre a 3ª e 5ª feira. Período onde os políticos estão fingindo que atuam na Câmara e no Senado e nós fingimos que acreditamos nisso.

Mas sobre as piriguetes e os tais políticos falo depois. Em relação a simpatia dos brasilienses...um horror. Quase não recebi um bom-dia...mas pode ser que tenha sido um momento...não é verdade?

Uma coisa que me deixou impressionadíssima foi a ausência de referência das pessoas sobre a cidade, ou melhor, a péssima referência que elas pontuam como principal.

Como a cidade tem 51 anos e é a capital do país o simbolismo está voltado para o aspecto político. O poder paira no ar. Um motorista de taxi chegou a dizer para mim que a referência que ele tem de Brasília é a roubalheira, a ladroagem e, é claro, a prostituição.

Não há história cultural que se sustenta em elementos representativos de um povo. Em Brasília, tirando a arquitetura escandalosamente apresentável, não há identidade cultural que fale dos costumes e cotidiano das pessoas.

O tempo seco em determinado momento do ano transfere para as pessoas um simbolismo de tristeza. É assim também em tempos frios quando a cor cinza associada ao preto assume o gosto e o modo de vestir dos profissionais que circulam no Congresso.

Além da dor, outras coisas em Brasília não saem no jornal.