sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ladrão é uma coisa deputado ladrão é outra



Diante da decisão da Câmara de não cassar (dia 30/08), a deputada Jaqueline Roriz, flagrada em fita de vídeo (prova cabal e irrefutável) recebendo dinheiro em 2006 do esquema do ex-governador José Roberto Arruda em Brasília, precisamos entender duas coisas:

A 1ª é que nossos parlamentares (99,9% deles) jamais iriam fazer algo que pudessem comprometer o passado que cada um tem (poleiro de galinha perde longe), o presente que cada um vivencia e o futuro que eles esperam ter (ainda) como político.

A 2ª coisa que temos que entender é que Jaqueline Roriz, na época em que fez aquele ato, era apenas uma cidadã comum. Assim, tipo eu e você, caro blogauta. (Aí que horror!!!)

Dito de outra forma, qualquer crime cometido até o início de mandato (de qualquer parlamentar) deve ser relevado em processos de quebra de decoro. (Aí que horror 2, o retorno).

Isto significa dizer que a nossa brilhante deputada sofre de uma doença predominantemente estabelecida na maioria dos políticos brasileiros: a cleptomania*.

Meu garoto mais velho explica bem direitinho o que é isso:

-- Mãe, cleptomania é um nome bem bonito que os intelectuais chamam para descrever os ladrões de classe alta, tipo político. Eles roubam, não são presos e ainda recebem homenagens por fazerem parte dos " eleitos" pelo povo. Pobre não tem essa chance. É taxado de bandido, ladrão safado, meliante e tome cassete nele! Isso tudo quando não aparece na horizontal em qualquer esquina por aí.

Sabe, meu menino é que tá certo. Tempos difíceis estes. Onde ética e corrupção são irmãs siamesas e não se separam do discurso dos políticos "honestos", aqueles que respondem a processo na justiça por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas.

Agora, quando eu for a Brasília no final do mês e me encontrar (por acaso) com Jaqueline Roriz eu vou perguntar a ela:

-- Querida, me desculpe, mas você não tem flanela em casa, não? Sim, porque essa sua cara cheia de Óleo de Peroba é muito para nós brasileiros.

-- E mais...nunca diga que você era uma “cidadã comum” na época em que você recebeu aquele dinheiro. Até porque cidadã comum tem obrigação de ser honesta e parecer honesta. E isto não é o seu caso.

*O dicionário de Aurélio diz: impulso anormal e persistente para o furto.