domingo, 28 de agosto de 2011

Político fazendo política no avião


Já percebi que toda vez que tem um político no aeroporto, seja ele deputado, vereador, prefeito...e outros que foram, são ou querem entrar nessa área pública de “grandes negócios”, ele faz questão de se mostrar como político.

Esbanja simpatia, risos, afagos e trata os profissionais das companhias aéreas ou da Infraero como amigos íntimos, de berçário, quase intra-uterino.

Fala alto para chamar atenção e circula de um lado para o outro delimitando área de atuação. Isso sem contar que geralmente os políticos estão acompanhados dos seus assessores puxa-sacos e suas atitudes remetem a uma trajetória de discurso.

Dia desses, à noite, estava vindo para Petrolina e enquanto aguardava o vôo na sala de embarque do aeroporto do Recife (já falei pra vocês que o Recife tem a orla mais linda do Nordeste? Preciso sempre lembrar...) assisti uma cena tão absurdamente interessante que registrei de imediato no meu HD (leia-se minha memória humana) para compartilhar com meus amigos blogautas.

Um político da região do Vale São Francisco, daquele estilo grotão, pesado, fala rouca, com uma baita capanga na mão (brega? Brega é pensar que alguém possa ter votado nele!!!) usando uma calça jeans do tipo faroeste, uma camisa de xadrez miúdo à lá quadrilha de São João fora de época e pra completar o desmantelo vinha acompanhado da mulher que mais parecia uma árvore de natal americana de tantos adereços pendurados pelo corpo que ela deve chamar de “acessórios”.

Junto a dupla ficavam os assessores pajeando, pegando água na lanchonete, chamando um ou outro para mostrar o celular de última geração que migrava de mão em mão como um brinquedo inocente.

Com a chamada do vôo o grupo segue pelo portão de embarque até o avião. A conversa no corredor era sempre muito alta e se referia a algum outro político do qual eles chamavam de “babaca”.

Ao se aproximar da porta da aeronave, o “político rouco” assume a dianteira para adentrar no avião e de imediato cumprimenta a comissária de bordo e os demais membros da equipe. Na medida em que andava pelo corredor do avião falava com as pessoas que já estavam sentadas em suas poltronas.  O texto era mais ou menos este:

-- Boa noite. Como vai? Tudo bem?...bom ver você por aqui...Tudo certo? E aí amigo? Ninguém respondia. Um ou outro sorria discretamente.

A esposa arvore de natal e os assessores puxa-sacos seguiam atrás rindo para as pessoas em todos os momentos que o tal político rouco falava com elas até ele chegar na sua poltrona e ainda se expressar alto: querida é aqui nossa cadeira?

Achando pouco o falatório emplacou o desfecho:

-- Pessoal, espero que todos tenham uma boa viagem e que a gente possa chegar em casa na paz.

Nessa altura do campeonato eu já estava humildemente sentada na minha poltrona e pensando comigo mesma.

-- Como sofro em ter que aguentar esse tipo de representante da minha região. Esse homem não é uma figura. É uma verdadeira gravura que precisa ser emoldurada.