terça-feira, 26 de junho de 2007

Quando a mídia esquece de cumprir o seu papel

Impressionante a curta memória da grande imprensa nacional. O que chamamos de desdobramento da matéria não acontece em determinados casos. Até mesmo quando a questão é tão recente. Por exemplo, o governo aumenta num dia o salário de 21.563 pessoas que ocupam função de confiança. No outro, cria mais de 600 cargos comissionados. A despesa extra da máquina pública será de R$ 23,2 milhões. Isso mesmo. Bilhões. Os salários variam entre R$ 1.977 a R$ 10.448. Tem gente lá dentro, por exemplo, que ganha R$ 8.400 e ta reclamando, viu?
Porque é pouco! Deve ser mesmo. Já que a teta é grande e vasta para todos que estão no ninho.

Sim, porque o ninho aqui é para os que fazem parte do PT e dos partidos aliados, loucos por contribuições. Quem viu o PT fazer oposição nos governos anteriores sobre o inchamento da máquina e olha hoje o partido apático, bebendo o leite das tetas, pode dizer abertamente: o PT não é mais o mesmo. E mais, depois dele nenhum partido consegue fazer oposição tão bem quanto eles faziam na época em que levantavam a bandeira da moralidade, igualdade, fraternidade... opa! Isso lembra alguma coisa!

Ah! Vale ressaltar que os cargos foram criados para Secretaria de Assuntos de Longo Prazo onde o então ministro Mangabeira Unger que ontem foi crítico ferrenho do Governo Lula, hoje, diz que ele é uma “magnanimidade” (parece que o poder também mexe com a cabeça de muitos intelectuais acadêmicos...).

O aumento dos salários desses pobres trabalhadores (to até com pena deles) é variado entre 30,5% e 139,75%. E o que a imprensa tem feito em relação a isso? Pouco ou quase nada já que o país vive numa velocidade acelerada de escândalos que mal se chega ao pôr-do-sol e outro episódio faraônico já abre as páginas e sites da imprensa no outro dia.

E como a prática da cleptomania não tem cor nem distinção, tanto pode ser PT, aliados dele ou o que se diz ser oposição ou nem tanto oposição, meio termo, ou amigo dos pares. A bola da vez é o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) que depois de combinar, por telefone, uma partilha de dinheiro com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Tarcísio Franklin de Moura, não espera ver seu discurso, digamos assim um bate-papo, gravado pela Policia Civil do DF, na Operação Aquarela. De onde vem o dinheiro?? Quem sabe. Já querem saber de onde vem o dinheiro? É muito cedo. Ora, vale ressaltar que até agora nós não sabemos de onde vinha o dinheiro das malas e depósitos administrados pelo então publicitário Marcos Valério! Já querem saber de onde vem o dinheiro do Roriz?

Voltando a questão da imprensa... Sabemos que a agenda e o volume de informações que chegam à redação quase que impossibilitam a tomada de decisão do editor: em que caso se dedicar mais ou priorizar em detrimento de outros. No entanto, não podemos perder de vista a função e o compromisso que temos de manter a sociedade bem informada. Que venhamos então a priorizar fatos que levam a vários desdobramentos (em sua maioria) e que na avaliação da pauta prevaleça o interesse coletivo, da maioria, do maior número de pessoas e não de alguns grupos.