sexta-feira, 3 de maio de 2013

A imprensa que diz ser o que não é


Foto ilustrativa


Tentando dizer que faz o seu papel, a imprensa cobre o fato e expõe o que lhe é conveniente. Um dos melhores exemplos está nessa matéria do Jornal do Commercio veiculada hj, 03.04, no JC Online. Pra não dizer que não falou das flores a matéria é factual e atende a uma demanda emergente da população que imagina estar sendo bem informada quando o assunto é drogas entre os jovens.

No entanto, a questão é mais singular, ou melhor dizendo, é mais em cima. Em cima porque se trata das Classes Média e Alta que sustentam o trafico de drogas e pouco, quase nada ou nunca se fala claramente desse assunto. Sobretudo pela imprensa.

A imprensa sabe, tem conhecimento, já viu, presenciou e até mesmo registrou fotograficamente festinhas em coberturas de Boa Viagem regada a bebida e a tirinhas de cocaína servida em bandeja.

A imprensa, políticos e empresários sabem disso e alguns fazem isso.

Uma certa vez uma conhecida minha contou um caso aberrante. O professor de uma universidade federal em Recife foi convidado por um dos alunos para uma festa em sua residência, numa cobertura em Boa Viagem. Chegando foi recebido por uma moça simpática que o acomodou em um canto da sala. Mas ele percebia que outros convidados, jovens (homens e mulheres) chegavam à casa e entravam num quarto fechado logo na entrada, demoravam alguns segundo e saíam rindo.
Nesse momento,  o pai do aluno veio conversar com o professor que aproveitando a oportunidade questionou o fato. O senhor, empresário conceituado no Recife, respondeu tranquilo e risonho:

-- Sabe como é essa garotada de hoje, tem que "cheirar" alguma coisa pra ficar animada.

O que isso tem a ver conosco? Tudo. É esta classe média/alta hipócrita, que faz discurso contra as drogas (ilícitas) e que deseja ver os traficantes presos (desde que não sejam seus filhos) que aniquila a possibilidade de transformação na sociedade.

A imprensa tem o dever de instigar o debate. Com o debate podemos sonhar com outras realidades. Não um sonho utópico de uma sociedade perfeita. Mas a possibilidade de uma sociedade saudável.