terça-feira, 18 de agosto de 2009

Globo X Record: quem ganha com isso? Parte 2

Dito isto e crendo que está bem explicado vamos a segunda parte dessa análise que diz respeito ao papel das duas redes na guerra pela audiência. O sujo fala do mal lavado. Isso está bem exposto.

A Globo não tem moral para falar das negociações da Record. Não é que ela não esteja correta em relação aos fatos ocorridos, mas é que o seu passado e ainda o seu presente está construído em cima de falcatruas, apoio a ditadura (e portanto, desapoio a democracia) e monopólio comunicacional.

Todas essas questões já apresentadas em filmes ou documentário como o produzido pelo canal 4 da BBC de Londres, “Muito Além do Cidadão Kane” (de Simon Hartog. Ano 1993), sempre foram veiculadas apenas em centros acadêmicos e sindicatos profissionais e nunca foram esclarecidas e assumidas pela rede. Muito pelo contrário. A empresa, em muitos momentos, sobretudo em campanhas políticas explicitamente construídas e consolidadas nos bastidores da emissora, se vinculou ao sistema econômico governamental para obter benesses.

Hoje, essas temáticas também voltam do passado para fazer parte da cena do crime.

Longe de achar o caminho da Record (infelizmente quase que semelhante a Globo) melhor ou “menos pior”, fica claro que a guerra está sendo construída para que o monopólio comunicacional esteja nas mãos de um ou de outro. E desde quando o monopólio de comunicação se caracteriza como exercício da democracia?

Provocações à parte, não se pode esquecer que ao longo da história a nossa imprensa teve muitos momentos de altos e baixos em relação ao sistema político. Ora a imprensa apoiava governos ditatoriais e se beneficiava com os mesmos, ora tomava posição pró-sociedade.

É bem verdade que o nosso processo de redemocratização é novo e que este precisa de um longo tempo de maturação para se consolidar. Ainda assim, não é perdendo um monopólio de uma Globo e passando a comunicação para domínio de outro grupo que estaremos consolidando esse tipo de sistema.

Muito pelo contrário, estaremos ratificando que a nossa mídia não tem palanque social, não está comprometida com a sociedade e muito menos com uma contribuição transformadora que só mesmo uma imprensa livre pode fazer.

O que estamos assistindo, nem de longe, é um exercício de democracia.