quarta-feira, 17 de junho de 2009

Desabafo jornalístico 3

Carinina Dourado*

Sou jovem, tenho 24 anos e há quase três, de segunda a sábado, das 14h às 18h, passo a tarde em uma sala de aula de uma universidade.

Aparentemente me julgo uma estudante normal. Discuto teorias, tenho aulas práticas, cumpro carga horária, perco por falta, preciso apresentar o comprovante de votação para realizar a matrícula. Até aí tudo bem, mas o que me faz diferente dos outros estudantes?

O que leva muitas pessoas a pensarem que a minha futura profissão Jor- na –lis –ta não é tão importante quanto as demais? Quais motivos e argumentos levam alguns representantes do sistema político brasileiro a interpretarem que não posso e que não produzo ciência e que também não contribuo para o desenvolvimento sócio-econômico do meu país?

A resposta não demora a vir. A nossa matéria-prima é a verdade, e esta num país de escândalos e falcatruas políticas não é um termo que soa bem. Afinal para que nos manter na sociedade e nos ajudar com os nossos direitos, de vez em quando e quase sempre expomos problemas sérios do país.

Mostramos que aquela verba paga com os nossos impostos não foi aplicada onde deveria, que aquela empresa não tá agindo legal com o meio ambiente, que a fila nos hospitais públicos não para de crescer e que pessoas estão morrendo por falta de atendimento, que parte das rodovias estão destruídas, que o ensino educacional está em péssimas condições, que aquele político fez besteira com o dinheiro público...enfim, na nossa vida e no nosso dicionário estão inclusos outros termos e não reduzimos o Brasil em apenas carnaval, futebol e mulata.

Confesso que fico envergonhada com a conduta das pessoas que se dizem os meus representantes, mas, desconhecem a minha realidade e com ela a de milhares de estudantes de Jornalismo e profissionais atuantes.

A verdade parece incomodar, porém, se faz necessário. Trabalhar com as palavras e construir um significado é tão importante quanto cuidar do corpo e também envolve técnicas e habilidades.

Quero crer que isto não é verdade e que ainda posso sonhar como continuo sonhando. Ser uma profissional respeitada, ter os meus direitos reconhecidos e poder colocar em prática tudo o que aprendi durante os quase três anos de faculdade é o que estimo.

*Estudante de Jornalismo em Multimeios da UNEB-Juazeiro/BA