quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Tragédia que vira espetáculo na mídia 1



Mais uma vez a mídia dá o tom da orquestra de horrores. Nem bem saímos de uma tragédia midiática onde a agenda de todas as TVs, rádio e sites era Isabella Nardoni agora voltamos com o novo espetáculo Eloá Pimentel X Lindemberg Alves.

Sem contar as freqüentes tragédias narradas diariamente pela grande imprensa, o Caso Eloá é a pauta da vez.

Parece mesmo que a guerra pela tal audiência tira de cena o bom senso, a originalidade e o respeito pelo ser humano. Na busca de ‘derrubar’ outras audiências a mídia do espetáculo ou a mídia dos horrores é capaz de treinar suas equipes pelos manuscritos do dramaturgo William Shakespeare só para não perder de vista a sensação da tragédia.

Consegue narrar um texto com ênfase na problemática passando pelo processo lúdico da vida cotidiana dos personagens envolvidos. Com isso, vai construindo cenas, levando o telespectador, internauta e ouvinte a fazer juízo de valor sobre uma série de elementos que não compõem a história, mas faz parte do imaginário das pessoas.

A mídia, sobretudo a TV, a grande janela aberta para as infinitas possibilidades da criação de uma nova sociedade imagética, está transformando conceitos e produzindo outros que mais cedo ou mais tarde vão afundar esta sociedade que emerge desse processo.

Considerando o estágio volátil em que a estrutura societária está inserida, como diria o sociólogo Zygmund Baumen, na ‘modernidade líquida’, parece que estamos passando pelo processo, mas não damos conta da problemática.

Pouco ou quase nada discutimos sobre o tema e deixamos entrar em nossas casas, a TV Record e suas encenações trágicas repetitivas, uma Rede TV que é capaz de fazer uma maquete do prédio para melhor “explicar” o fato ao telespectador e até mesmo a Globo entra na onda shekespeareana com Ana Maria Braga se mostrando psicóloga do então descompensado “ator” Limbemberg.

Sim, ator. Afinal, ele teve suas 100 horas de fama porque foi isso que a mídia o transformou: no todo poderoso da audiência. Para compensar sua não construção de vida pessoal, Limdemberg viu na grande imprensa sua possibilidade de reconhecimento. “Sou visto em rede nacional e até mesmo fora do país”.

Amanhã, possivelmente, a Playboy estará a caça da atual protagonista do evento, Nayara Silva, para que ela assine contrato, já de agora, para posar nua na revista quando completar a maior idade. Uma boa suíte vai trazer a temática à baila novamente e tudo vira negócio e vendas.

Três perguntas ficam no ar, ou melhor, no blog:
-- Até quando seremos usados por esta máquina chamada mídia?

-- Não percebemos que estamos sendo engolidos por esse dragão da comunicação?

-- Que sociedade é esta que estamos construindo?