sábado, 4 de outubro de 2008

Boca-de-urna e a mala do dinheiro 2


Parece mesmo que não há limites quando o assunto é ganhar as eleições na força do poder financeiro.

Tanto assim, que a tão negada boca-de-urna está sendo conduzida com muita tranqüilidade pelos coordenadores de campanha sem que isso fique caracterizado como tal.

Este é o momento de aferir a relação dos “soldados eleitorais” que vão participar da “investida”. Nessa hora, pode haver problemas nos pontos de apoio, as chamadas “guaritas” que ficam mapeadas de acordo com a geografia do voto. Na ausência de alguns desses soldados é necessário, imediatamente, ir a caça de novos “voluntários” para a boca-de-urna.

É o momento também de barganhar sobre os tais “soldados” oferecendo além do já combinado valor monetário um acréscimo para lanche, disponibilização de gasolina, convênios outros...e a depender da importância do reduto eleitoral se oferece empregos ou cargos na gestão futura.

A logística envolve não apenas a campanha majoritária, mas passa também pela área dos vereadores. A depender da importância da representação na Câmara para aprovação de projetos “especiais” para determinados grupos, o “banco financiador” derrama (esse termo é ótimo!!!) o dinheiro na campanha, especificamente, neste último dia para emitir a fatura lá pra janeiro de 2009. Depois da posse.

Com toda estratégia montada chega a tão esperada mala do dinheiro. O “quartel general”, antes funcionando nos escritórios políticos, sai desse espaço para ocupar salas em prédios, ou agencias de publicidades ou até mesmo nas residências dos marketeiros de plantão (aqui são considerados os principais coordenadores da campanha).

Esse é um momento delicado, perigoso e estratégico. Tão estratégico que qualquer semelhança com o processo organizacional do sistema criminoso montado pelos narcotraficantes Juan Carlos Abadia e Fernandinho Beira Mar não é coincidência.

Afinal, estamos falando de uma grande mala cheia de dinheiro em cédulas de R$ 10,00 e R$ 50,00 para facilitar o troco! Uma relação com nomes de pessoas por área geográfica do voto e a quantidade que cada uma deverá receber.

A estratégia contempla horário para entrega do ‘envelope’ e os pontos de comando. De hoje até amanhã, 05/10/08, o movimento dessa logística é algo tão impressionante que nem o diretor de cinema, Steven Spilberg, se atreveria a fazer um roteiro semelhante.

E como curar este câncer da campanha?

Possivelmente só mesmo com uma reforma política que contemple uma outra formatação para as eleições no Brasil.