segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Estar, ficar e permanecer no poder


Ainda em 1999, José Nivaldo Junior, o então Zé Nivaldo, muito mais marketeiro político do que professor e publicitário, escrevia no Recife sua obra prima, Maquiavel, o poder - História e Marketing (Ed. Martin Claret, 168 pág.) levando pelas suas páginas narrativas que refletem ainda hoje a forma de se fazer política nesse país.

Com um texto afiado e uma experiência de dar inveja aos marketeiros de plantão, Zé Nivaldo é do tipo que passeia pelos conceitos do nunca mais lembrando Leonel Brizola, nas artimanhas de guerrilhas de Fernando Collor e aporta com muita tranqüilidade pelo discurso petista de ser do prefeito estrela do Recife, João Paulo.
Uma releitura dessa obra, sempre atual, nos faz pensar o que será dos candidatos que “ganharam” as eleições antes dela começar e hoje estão correndo atrás do foguete. A ficha caiu e a fila andou.
Numa região como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), por exemplo, onde se respira política e se come desaforo é no mínimo estranho, ou melhor, histórico uma eleição tão cheia de variáveis imprevisíveis.

“Nunca antes na história” dessas duas cidades se viu tanta perda de controle de reduto eleitoral que se faz repensar o que é mesmo que o poder gera nesses candidatos.

Daí porque trazer a memória esta obra de Zé Nivaldo. Quando ele apresenta o discurso de Maquiavel que coloca suas representações na fortaleza dos seus súditos, se explica então quão vulnerável está aquele que busca estar no poder.

“A fortaleza é útil, mas não é decisiva, pensa o autor. Pode-se dizer, portanto, que a melhor fortaleza é construída com o afeto dos súditos, pois as fortificações não salvarão um príncipe odiado pelo povo.” (Junior, 93)

Ainda pontuando o discurso de permanecer no poder a narrativa do livro mostra que um príncipe deve evitar, na medida do possível, ficar na dependência de outro: “Deve ter a cautela de jamais fazer aliança com um mais poderoso que ele para atacar os outros... porque, vencendo torna-se seu prisioneiro”. (Junior, 94)

E pra não deixar de falar das estratégias contagiantes o autor explica que nas “épocas propicias do ano, distrair o povo com festas e espetáculos e dar atenção particularizada às entidades e às associações...” faz toda uma diferença na contagem de votos.

Finalmente, são tantas caras e receitas. Discursos que beiram o ridículo... E nesse contexto ainda queremos falar de ideologia? Na representação histórica dos partidos?

Em quem é mesmo que estamos votando? Quais as possibilidades reais de mudanças?
Quem verdadeiramente está do lado da sociedade?
Quem souber, por favor, avise a todos.