domingo, 14 de outubro de 2007

Poeta não morre nunca...

Foto: Divulgação

Recebi esta obra prima poética da minha amiga Bet. Exatamente para não esquecermos que a poesia não morre. O poeta foi... mas a palavra está aqui.



Canto dos Emigrantes

Alberto da Cunha Melo (1942-2007)


Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.

De uma quadra a outra do tempo,
de uma praia a outra do Atlântico,
de uma serra a outra das cordilheiras,
todos emigram.

Para o corpo de Berenice
ou o coração de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si
ou para todos,
para sempre todos emigram.