sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Que saudade do ontem...


Saudade de ver estudantes com caras pintadas nas ruas gritando “fora Collor: abaixo a corrupção...”

Saudade do PSTU com seu radicalismo que de tão absurdo parecia ser engraçado.

Saudade do tempo em que o PT era a melhor opção, a melhor oposição e tinha os melhores quadros políticos desse país. Nunca mais se viu uma oposição tão aguerrida, corajosa, destemida, incansável... Ah! Que saudade...

De ver e ouvir os discursos de Aloizio Mercadante como Dartanhã da democracia. De ler na imprensa o bate boca da senadora Heloisa Helena para defender os conceitos de moral e ética e cobrar dos governos tucanos e pefelistas uma postura séria, coerente e comprometida com a sociedade.

De acreditar que os discursos, especificamente dos integrantes do PT, da CUT (ela ainda existe???) do PCdoB, do Leonel Brizola e Ulisses Guimarães, impregnados de indignação e respeito pelo povo brasileiro um dia seria colocados em prática.

Saudade dos movimentos patrióticos apresentados em palanques, retratados pela mídia e registrados em filmes.

O ontem parecia a esperança de um verde-amarelo real, nítido, legítimo e consolidado.
Ah! Que saudade de poder creditar nas pessoas e nos partidos o futuro dos nossos filhos e netos. Em trazer para dentro do país exemplos de alguns sistemas governamentais que poderiam ser o caminho para o verdadeiro socialismo.

Comparar o ontem com o hoje é viver o real. É sofre a decepção de ver as poucas reservas morais do Senado e do governo bandeando para o outro lado, onde os interesses não são em prol do coletivo e sim do corporativismo eleitoral.

É saber que não há possibilidades de restauração dos que quebraram a taça de cristal. Por mais que se colem os cacos ainda assim estaremos vendo as emendas.

Lembrar que no pretérito perfeito, não muito longe, Ideli Salvatti (PT-SC), Aloizio Mercadante e tantos outros compatriotas que defenderam com discursos inflamados uma democracia legítima e hoje estão do outro lado do balcão, comungando com tudo aquilo que um dia eles lutaram para derrubar, é no mínino desesperador para nós pobres eleitores.
Imaginar o ontem e ver o que somos hoje é assinar na lápide o desfecho trágico de uma sociedade que tentou ser construída sem identidade.

E amanhã? Em quem vamos acreditar? Ainda existe amanhã?

Que saudade do ontem...