quinta-feira, 28 de junho de 2007

A sociedade brasileira quer limites na TV?

Parece que a sociedade está mesmo disposta a dá um basta aos enlatados e projetos alienantes empurrados de goela abaixo nos telespectadores. Pelo menos é o que mostra os números da pesquisa da Sensus, realizada entre os dias 18 e 22 de junho de 2007, com 2 mil pessoas. O resultado foi surpreendente: 57,9% dos entrevistados aceitam a censura prévia na TV.

Sem entender este resultado como censura ditatorial, a sociedade parece estar cansada da apologia a toda nudez será exposta que as novelas apresentam, das traições dos relacionamentos, dos casamentos que nunca podem ser saudáveis têm sempre que aparecer uma mulher ou um homem para trair e trocar pares, da apologia a violência bem como da falta de criatividade nos textos que fazem da programação de TV (com raríssimas e honrosas exceções) algo dispensável para muitos já que contribui, em geral, de forma negativa na formação da sociedade.

Afinal, num país onde a TV deixa de ser um meio de comunicação, apenas, para ser o aparelho ideológico mais importante e formador da organização social, e onde não há opções de canais, o limite entre uma programação construtiva e interessante passa longe de ser o propósito principal das empresas de comunicação que detém as concessões. Até porque, a televisão é sim um meio educativo e gerador de conceitos, idéias, cultura e por mais que isso não seja o seu objeto de trabalho num país onde poucos têm acesso aos bens e serviços o cidadão é formado, em parte, por este meio. Se a TV tem a maior penetração na quase totalidade dos lares brasileiros é mais do que urgente repensar o conteúdo deste meio que deveria ter total compromisso em transformar a sociedade. Se assim não o for, algo violento está ocorrendo. Marilena Chauí diz que a “ violência é toda prática e toda idéia que reduza um sujeito à condição de coisa, que viole interior e exteriormente o ser de alguém, que perpetue relações sociais de profunda desigualdade econômica, social e cultural”. A TV faz ou não isso?

Dessa forma, o resultado dessa pesquisa parecer ser o “desespero” que chegou a casa das pessoas e numa forma de dizer “socorro, precisamos de ajuda”, a votação para o “controle”, digamos assim, da programação de TV é proporcionalmente correta no sentido de que algo tem que acontecer. Esperamos que de bom.