sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Eleições 2012: bandeirola, placas de ruas, baixaria, agressões e as redes sociais



Podemos agradecer aos gregos pela criação da democracia e sua perpetuação mundo a fora. No entanto, o amadurecimento desse sistema aqui no Brasil ainda está longe de ser consolidado. Uma democracia precisa de pelo menos 100 anos para se sentir fortalecida como princípio.

O que percebemos são conflitos constante e corriqueiro entre liberdade de expressão, direito e limite de um e do outro cidadão, bem como a não aceitação das ideias divergentes.

Trazendo esse preâmbulo para se pensar as eleições de 2012 em Petrolina, podemos apontar algumas atitudes nada democráticas:

- Uso dos veículos de comunicação (rádio, blogs, jornal) com tendências partidárias e agressivamente expostas nos programas, nos textos, nas indicações de entrevistados e nas escolhas de profissionais de comunicação.
Apresentar tendências para determinado candidato em eleição não é novidade nos veículos de comunicação no Brasil e muito menos em outros países democráticos. O que acontece é que por aqui existe um discurso de isenção falacioso e arrogantemente absurdo tanto na linha editorial quanto na produção de matérias. Isso confunde o leitor/ouvinte/internauta.

- As redes sociais, Facebook e Twitter, especificamente, estão postas como uma nova esfera pública para exposição de todos os tipos de textos, lorotas, palavras de baixo calão, charges, vídeos e provocações sem medidas. É uma “guerra ideológica” mixada com sabedoria dos que se acham dominantes do conhecimento e da vontade do eleitor.

- “Militantes” com bandeirolas e santinhos tomaram as ruas (ou como se diz por aqui gramaticalmente incorreto, “tomaram de conta” das ruas), os semáforos, as portas de igrejas e as caixas dos correios das residências. Militantes? Quem é a verdadeira militância? Vamos deixar claro: militante partidário é um cidadão desprovido de interesses financeiros e que por amor a ideologia partidária vai às ruas, levanta a bandeira do candidato por acreditar nas suas ideias, no seu discurso, em sua postura profissional. Em pleno século 21 e no Brasil de políticos aloprados e corruptos, você acredita que ainda existe esse tipo de militância? Então também acredita em Papai Noel, Fada Madrinha e Duendes.

- As placas nas ruas se transformaram num nevoeiro poluidor que modificam a paisagem urbana e atrapalham a visão dos motoristas em muitas das vias de acesso ao centro da cidade e nas principais avenidas.

- Criatividade publicitária? Nunca antes na história das eleições municipais se ouviu tanta breguisse associada aos candidatos. As melodias são diversas: forrós estilizados, funks à la poupozudas, pagode desesperado e tantas outras aberrações eletrônicas que alguém, em algum lugar desse planeta tem a coragem de chamar de música.
Os exemplos são diversos: Na minha casa todo mundo é 15. Minha mãe é 15, o meu pai é 15.. minha avó é 15, meu cachorro é 15... o porteiro é 15...Ufa! Pausa. Neste momento precisamos reconhecer o trabalho criativo e exaustivo desses compositores na elaboração de um texto tão profundo e complexo. Nem Machado de Assis, com toda sua intelectualidade e pureza de coração, conseguiria fazer algo semelhante.

Mas, vale ressaltar que entre uma tragédia e outra tem alguns jingles criativos com xote, xaxado, baião e  frevo. (Ufa! Pensei que tinham matado todos os publicitários/compositores!).

Essa eleição foi marcada por uma desordem geral permitida pelo sistema eleitoral:

a)    Desrespeito partidário na composição de coligações;
b)    Interferências radicais dos partidos nas escolhas de candidatos ao cargo de prefeito;
c)    Candidatos ao cargo de vereador sem a menor condição de representar o município, os eleitores;
d)    Uso da máquina governamental em todas as esferas.

O voto é um direito conquistado com a democracia. A escolha dos representantes é algo sublime, inviolável e que está nas mãos do eleitor cidadão. Ao praticar o ato, ele legitima o pleito e consolida o sistema eleitoral.

Esta prática jamais pode ser alvo de negociação (compra e venda do voto), troca de benefícios e indicação a cargos públicos.

Portanto, o eleitor é soberano nas suas escolhas e escravo das suas decisões.