sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Boca-de-urna e a mala do dinheiro 1



Boca-de-urna e a mala do dinheiro? Explica-se. Em tempo de eleição a prática da “boca-de-urna”, proibida por Lei, mas legitimada na surdina dos escritórios políticos dá o tom do investimento financeiro ou não da campanha majoritária.

Considera-se sempre a “boca-de-urna” a movimentação de pessoas caracterizadas com adereços do candidato ou partido como camisa, bottom, santinhos, bonés, outros, que estão aglomeradas próximas às zonas eleitorais abordando e distribuindo propaganda do candidato para os eleitores indecisos.

Assim sendo, este artifício, negado veementemente por todos os candidatos e marketeiros de plantão é planejado desde os primórdios rascunhos orçamentários da campanha eleitoral visando o custo financeiro da ação do “marketing de guerrilha”.

Isto porque para arregimentar este ‘exercito de soldados’ é necessário uma verba pomposa e generosa de um ‘financiador’ de campanha que entenda como importante esta estratégia para assegura, pelo menos, o voto do ‘soldado eleitoral’.

Valendo-se da possibilidade de bons desempenhos durante o percurso da campanha, a estratégia já contempla um número X de “soldados eleitorais” que vão receber no dia da eleição, a depender do “banco financiador”, um valor que poderá oscilar entre R$ 35,00 a R$ 60,00 por pessoa.

O processo, totalmente ilícito, é feito em todas as eleições e planejado de forma a não deixar rastro nas ações. A logística da execução do plano que envolve poucas pessoas de extrema confiança da equipe do candidato passa necessariamente por uma aquisição de verba em espécie.

É aí que entra a tão falada mala do dinheiro. Isso porque o volume de aplicação e distribuição da quantia não poderia passar por uma conta bancaria, haja vista que a mesma estaria sujeita a controle, tipo imposto de renda.

Outro fator negativo também para operação, via banco, é a existência de provas. Alguém depositou dinheiro. Alguém sacou dinheiro. Alguém distribuiu dinheiro.

Ilegalidade à parte, a prática da tão famosa boca-de-urna é a prova cabal que pouco se avançou em termos de eleições democráticas nesse país e muito mais se consolidou o poder nas mãos de quem tem o domínio financeiro.

Além disso, se instituiu uma impunidade velada diante de fatos que muitas autoridades chegam a dizer, “não temos como provar tal ato” e, no entanto o caixa 2 há muito tempo, já foi assumido como uma prática corriqueira das nossas eleições.