quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O senado brasileiro representa o povo?

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Quando falamos de política brasileira, boa parte das pessoas quer justificar as mazelas estampadas e assumidas por personagens sem escrúpulos, culpando a colonização dos portugueses e roubalheiras da corte como elementos conseqüentes e marcantes da nossa história há mais de 500 anos.

Alguns querem compreender os políticos com suas ausências de dignidade e respeito ao cidadão explicando que ao chegar o poder, todos ficam fascinados pela grandiosidade da manipulação, falcatruas e negociatas escusas.

Verdadeiramente, "nunca antes na história desse país", parafraseando nosso ilustre presidente Lula, a sociedade brasileira viu, assistiu e “aplaudiu” um fato tão estapafúrdio, horripilante, absurdo de digerir como o caso Renangate. É necessário, pelo menos, de um estudo sociológico da formação de quadrilhas institucionalizadas e representativas dentro do Congresso Nacional.

Hoje, o Brasil acorda órfão. O Senado nacional matou pela segunda vez a democracia constituída neste país ao absorver Renan Calheiros de forma complacente, elegante e singular. Um homem sem honra, sem moral e cinicamente debochado. Desprovido de conduta ética, decência e dignidade. Renan é o exemplo nítido e notório da nossa representação política. É a configuração da institucionalização do processo de corrupção no Congresso Nacional.

Sabedor das armas bombásticas que tem em mãos e que ao ser negado a sua inocência pelos seus pares poderia apresentar o dossiê obscuro de todos os seus comparsas negociou sua saída com seus amiguinhos dando o silêncio como agradecimento pelos votos favoráveis a sua absolvição.

Aos eleitores alagoanos ele manda um aviso: “conto com vocês na próxima eleição”. Aos milhares de cidadãos pelos quais ele deve total satisfação ele ergue as mãos de forma cruzada simbolizando uma “banana senadorial”.

Para Renan, renunciar e ainda se dizer inocente depois de todo lamaçal exposto na mídia, no Ministério Público e na Justiça, há mais de seis meses, é no mínimo imaginar que todos os brasileiros que vivem fora da fedentina do Senado Nacional são burros e loucos.

O segundo enterro da democracia, hoje, é celebrado com temor e ardor. Afinal, com raríssimas e honrosas exceções a maioria dos senadores fechou os olhos para o eleitor, para sociedade e assinaram com conivência todas as falcatruas, roubalheiras, negociatas e maracutaias institucionalizadas de forma corporativa.

Diante do caos estabelecido no Congresso e a tamanha falta de respeito com o eleitor a mídia ficou atenta em muitos momentos. No entanto, na reta final, pouco se cobrou dos tais representantes políticos.

Resta saber agora, se verdadeiramente o Senado Nacional representa o povo?