domingo, 2 de setembro de 2007

Duda Mendonça e o marketing do engano

Foto site Uol

O próprio dicionário do Aurélio define a palavra publicitário como “profissional que exerce em caráter regular funções artísticas ou técnicas pertinentes ao planejamento, concepção e veiculação de mensagens de propaganda”. Se assim o é por que Duda Mendonça foi além dessas atribuições?

Depois de ser incluído na ação penal aberta pelo Supremo Tribunal Federal, STF, o então Duda Lavagem de Dinheiro e Evasão de Divisas Mendonça além de publicitário e marketeiro de plantão é animador de auditório. Pelo menos é o que tentou fazer durante a apresentação de uma aula inaugural no curso de Comunicação das Faculdades Metropolitanas Unidas em São Paulo e foi chamando por um grupo de estudantes nada simpáticos de “ladrão e mensalerio”.

Quando convidado a depor na CPI dos Correios no inicio do escândalo mensalão, o parceiro de tantas campanhas do presidente Lula e considerado uma referência nacional no marketing político, Duda, chorou sensibilizado, se mostrou humilde, abatido e ainda viu o seu lindo nome na lama. Disse ter recebido apenas R$ 10 milhões (do valerioduto), mas não tinha a menor idéia de onde vinha o dinheiro. Vale ressaltar que as notas pagas no exterior, sem NF e sem declaração de imposto, claro, eram referentes a parte dos serviços que prestou ao PT nas campanhas para governos estaduais, senadores e presidente da República, em 2002.

A picada da bandidagem tem atacado muitos que se dizem acima de qualquer suspeita. Parece até que as falcatruas eleitorais começaram apenas de 2002 pra cá. Ledo engano. E muitos profissionais que antes se mostravam referências a serem copiadas, hoje estão nos quadros de avisos das principais delegacias ou nos autos relevantes dos tribunais de justiça.

Ainda se pode, pelo menos, admirar a coragem desta Faculdade em convidar para uma aula inaugural alguém que quebrou a arranhou (e muito) a imagem do marketing político neste país (atividade que sempre foi motivo de muitos questionamentos na área de comunicação) para “abrilhantar” um debate com estudantes.

Até porque, num país em que a credibilidade, a honraria, a honestidade e decência estão faltando nas prateleiras da boa educação de berço é no mínino ausência total de sensibilidade convidar alguém que não tem ou perdeu estas qualidades que deveriam ser inerentes ao homem para conviver em sociedade.

Vale mesmo uma reflexão.