Podemos agradecer aos gregos pela criação da democracia e
sua perpetuação mundo a fora. No entanto, o amadurecimento desse sistema aqui
no Brasil ainda está longe de ser consolidado. Uma democracia precisa de pelo
menos 100 anos para se sentir fortalecida como princípio.
O que percebemos são conflitos constante e corriqueiro entre
liberdade de expressão, direito e limite de um e do outro cidadão, bem como a
não aceitação das ideias divergentes.
Trazendo esse preâmbulo para se pensar as eleições de 2012
em Petrolina, podemos apontar algumas atitudes nada democráticas:
- Uso dos veículos de comunicação (rádio, blogs, jornal) com
tendências partidárias e agressivamente expostas nos programas, nos textos, nas
indicações de entrevistados e nas escolhas de profissionais de comunicação.
Apresentar tendências para determinado candidato em eleição não
é novidade nos veículos de comunicação no Brasil e muito menos em outros países
democráticos. O que acontece é que por aqui existe um discurso de isenção
falacioso e arrogantemente absurdo tanto na linha editorial quanto na produção
de matérias. Isso confunde o leitor/ouvinte/internauta.
- As redes sociais, Facebook e Twitter, especificamente, estão
postas como uma nova esfera pública para exposição de todos os tipos de textos,
lorotas, palavras de baixo calão, charges, vídeos e provocações sem medidas. É
uma “guerra ideológica” mixada com sabedoria dos que se acham dominantes do
conhecimento e da vontade do eleitor.
- “Militantes” com bandeirolas e santinhos tomaram as ruas
(ou como se diz por aqui gramaticalmente incorreto, “tomaram de conta” das ruas),
os semáforos, as portas de igrejas e as caixas dos correios das residências. Militantes?
Quem é a verdadeira militância? Vamos deixar claro: militante partidário é um
cidadão desprovido de interesses financeiros e que por amor a ideologia
partidária vai às ruas, levanta a bandeira do candidato por acreditar nas suas
ideias, no seu discurso, em sua postura profissional. Em pleno século 21 e no
Brasil de políticos aloprados e corruptos, você acredita que ainda existe esse
tipo de militância? Então também acredita em Papai Noel, Fada Madrinha e
Duendes.
- As placas nas ruas se transformaram num nevoeiro poluidor que
modificam a paisagem urbana e atrapalham a visão dos motoristas em muitas das
vias de acesso ao centro da cidade e nas principais avenidas.
- Criatividade publicitária? Nunca antes na história das
eleições municipais se ouviu tanta breguisse
associada aos candidatos. As melodias são diversas: forrós estilizados, funks à
la poupozudas, pagode
desesperado e tantas outras aberrações eletrônicas que alguém, em algum lugar
desse planeta tem a coragem de chamar de música.
Os exemplos são diversos: Na minha casa todo mundo é 15. Minha mãe é 15, o meu pai é 15.. minha
avó é 15, meu cachorro é 15... o porteiro é 15...Ufa! Pausa. Neste momento
precisamos reconhecer o trabalho criativo e exaustivo desses compositores na
elaboração de um texto tão profundo e complexo. Nem Machado de Assis, com toda
sua intelectualidade e pureza de coração, conseguiria fazer algo semelhante.
Mas, vale ressaltar que entre uma tragédia e outra tem alguns
jingles criativos com xote, xaxado, baião e frevo. (Ufa! Pensei que tinham matado todos os
publicitários/compositores!).
Essa eleição foi marcada por uma desordem geral permitida
pelo sistema eleitoral:
a) Desrespeito
partidário na composição de coligações;
b) Interferências
radicais dos partidos nas escolhas de candidatos ao cargo de prefeito;
c) Candidatos
ao cargo de vereador sem a menor condição de representar o município, os
eleitores;
d) Uso
da máquina governamental em todas as esferas.
O voto é um direito conquistado com a democracia. A escolha
dos representantes é algo sublime, inviolável e que está nas mãos do eleitor
cidadão. Ao praticar o ato, ele legitima o pleito e consolida o sistema
eleitoral.
Esta prática jamais pode ser alvo de negociação (compra e
venda do voto), troca de benefícios e indicação a cargos públicos.
Portanto, o eleitor é soberano nas suas escolhas e escravo
das suas decisões.