Foto: Silvio Stanislaw - Movimento O Vale Acordou | 18.06.13
Depois vocês dizem que eu pego no pé de Gonzaga Patriota (PSB),
mas não tem como não fazer. Impressionante como o deputado muda de opinião rápido
demais.
Primeiro ele defende com vigor, “patriotismo” (perdão pelo
trocadilho), bravura e segurança que a PEC37 era um avanço para democracia e
fundamental para estabelecer limites ao Ministério Público. Uii!!
Depois do reclame da sociedade nas ruas, quando o povo
respondeu em letras garrafais, “políticos não nos representam”, Gonzaga muda o
discurso e num momento de pura lucidez das ideias nega o que disse e levanta a
bandeira: “Ninguém de bom senso poderia continuar defendendo a sua aprovação”.
Não
é espantosa a cara de pau de Patriota. A sensação que tenho é que ele pensa que
o povo é besta e dotado de uma inocência contínua a ponto de não perceber as
reais intenções dos deputados e senadores com a derrubada da PEC37.
As
ruas foram tomadas pelos ativistas de 1968 que lutaram por “abaixo a ditadura”
nos Anos de chumbo*, por senhores e senhoras que viveram numa geração atuante, por
trabalhadores, por jovens universitários, pelos nativos digitais (que já
nasceram na época da tecnologia das redes sociais), pelos insatisfeitos com os
desmandos, corrupções e ausência de políticas publicas de interesse da
sociedade.
A
pressão das ruas entrou como eco pelas portas do Congresso e o “povo bravo
retumbante” destampou os ouvidos dos tais representantes da sociedade.
O
movimento das ruas é a contrapartida da inércia em que vivia a sociedade
brasileira nos últimos anos. É o grito calado dentro do abismo que separa o
cidadão das representações políticas.
O
movimento das ruas pode (espero que sim) fazer uma divisão de tempo: o Brasil
de antes da ocupação das ruas e depois da efervescência social.
E
como ficam os tais políticos nesse processo? Espero que de fora. De fora das eleições,
reeleições, apadrinhamento, conluio, negociatas, fatiamento de cargos, troca de
favores, benesses partidárias, Caixa 2, cartões corporativos, auxílios paletó e
moradia, avião da FAB, imunidade parlamentar (tradução: impunidade parlamentar)
e tudo que estiver associado ao desmando e desvio de função publica.
Espero
ansiosa por estas mudanças.
Avança,
Brasil!
*Anos de chumbo é a designação do período mais
repressivo da ditadura militar no Brasil a partir
de 1964, com o Golpe Militar, estendendo-se basicamente do fim de 1968, com a edição do AI-5 em 13 de dezembro daquele
ano, até o final do governo Médici, em março de 1974.