sábado, 25 de agosto de 2007
Quando a mídia vai pra berlinda
O maior julgamento da história do STF (Supremo Tribuna Federal) que envolve uma gang de 40 ladrões e usurpadores do bem público, também chamado Mensalão, está sendo apontando por alguns doutores da lei como o grande espetáculo do século XXI.
Outra tendência diz que os argumentos apresentados estão baseados na grande imprensa e que portanto, não são provas cabais para ratificar a culpabilidade dos que estão sendo julgados.
A mídia está na berlinda. Na verdade, a grande imprensa, que em vários momentos caminhou a reboque da Polícia Federal e do Ministério Público hoje esta sentada no banco dos réus.
Para alguns letrados do Direito a mídia espetacularizou os fatos, o que na sua totalidade não é falso, e confundiu algumas boas ações, digamos assim, dos homens públicos, dos lobistas e marketeiros de plantão que se empenharam em fazer das suas habilidades profissionais uma área especifica de negociações escusas.
Os advogados de defesa dos “inocentes” ao bradarem em alta voz que as provas apresentadas são frágeis ou não têm valor jurídico, de uma certa forma faz sentido, porque várias das negociatas efetuadas por esta gang não foram feitas às claras e sim na calada da noite e o objeto do desejo, $$$, estava em malas (até mesmo em cuecas...) que iam e vinham de um canto a outro pagando os serviços prestados.
Seria inocente de nossa parte como leitor e telespectador dessa pantomima acreditar que algo poderia ter sido feito em cartório, registrado o fato, bem como recibos e notas. Óbvio e notório que as negociatas eram apalavradas (termo muito usado pelos poetas) pelos então cleptomaníacos para que após a concretização dos acordos as malas com o dinheiro, novamente, entrassem em cena. Em alguns momentos, as somas também foram via Banco Rural. Bom, neste caso, a prova é cabal. E aí é outra coisa.
A despeito do que pensam os militantes petistas, tucanos e os partidos agregados, a mídia também perde com esta espetacularização. Afinal, ela também está sendo julgada sem provas cabais, mas muito mais pela sua forma de usar a palavra como elemento constrangedor, instigador e provocante do debate. Direita ou esquerda, centro ou imparcial a grande imprensa também está vivenciando um momento emblemático da sua história.
É sempre bom lembrar que em alguns momentos esta mesma grande imprensa abriu o debate sobre o nascimento de grandes líderes que vieram da base. Do povo. Em vários momentos esta mesma imprensa foi generosa, calorosa e quase que assumiu um papel de mãe junto a um filho rebelde.
Portanto, embora tenhamos a vaga idéia de que o maior julgamento dos quase duzentos anos do STF possa terminar de forma justa e coerente com os fatos apresentados e que a cadeia seja para os corruptos o resultado esperado, sabemos também que provavelmente muitos serão absolvidos proveniente, inclusive, do longo período que o processo deve passar.
É bom sempre lembrar que na medida em que nossas instituições perdem de exercer suas reais funções contribuem para construção de ilhas de marginais instaladas quer sejam nos porões do PCC, Primeiro Comando da Capital, quer sejam no Governo e Congresso Nacional.
Assim, a diferenciação entre um e outro é que o primeiro já foi julgado pela sociedade e é considerado elemento de alta periculosidade e os outros recebem votos e são eleitos para representarem esta mesma sociedade e por isso se apoderam de forma ilícita e obscura, dos bens construídos por uma nação.