João Barbosa*
Ao amanhecer o dia, fui abrir um jornal ansioso para saber o que estava acontecendo no mundo e em meu país. Como é bom folhear as páginas de um bom jornal em plena manhã.
É uma sensação tão inspiradora. Parece que saímos em pouco tempo e corremos o mundo como se todos os acontecimentos da face da terra estivessem transcrito naquelas folhas que parecem ser onipresentes.
Confesso que eu estava alegre e bem esperançoso de ler coisas agradáveis, belas e que fizessem meus olhos brilharem como uma janela aberta para alegrar o meu espírito.
Contudo, relembrei que os jornais, geralmente não trazem notícias agradáveis. Mas tudo bem. O que importa é que eu estava feliz e isso era o bastante.
Mas esta manhã, ao abrir as páginas do meu novíssimo jornal, uma tristeza imensa se apoderou de mim. Ao ir para a editoria de política, vi uma reportagem sobre a distribuição de passagens aéreas da cota dos deputados a seus parentes e amigos.
Rapidamente, percebi quão cruel é o jornalista. Uma manhã tão bela e linda como a minha foi mudada e, um pessimismo como que seguido de uma nuvem pesada começou a dominar toda a minha alma.
Que profissão miserável essa de jornalista. Parece que eles são uns mal amados que acabam descolorindo as belas cores da vida. Será que não tem uma notícia boa sobre os políticos? Não podem os infelizes procurarem alguma forma de me trazer uma informação agradável vinda de Brasília?
Decidi naquele momento que iria ouvir uma rádio, talvez tivesse lá uma notícia melhor. Ao ligar o botão, com poucos minutos, pude ouvir o presidente da câmara dos deputados, Michel Temer, dizendo que as regras para o uso de passagens por parte dos parlamentares não eram claras e assim, não havia ilegalidade.
No mesmo momento desliguei o rádio. Meu dia estava ficando cada vez pior. Vou tentar pela última vez. Liguei a televisão e lá estava o deputado Ciro Gomes falando com toda convicção que os países mais desenvolvidos do mundo disponibilizavam passagens aéreas sem limites para os parlamentares.
Esse tipo comparação não desce, pois meu país não é de primeiro mundo. Odeio o cinismo dos nossos deputados. Os deputados tiveram que mudar as regras e limitar as passagens para os parlamentares e assessores. Se isso será cumprido, ninguém sabe. Desisti, vou desligar a TV também.
No mesmo momento, lembrei de um fato que me ocorreu há alguns meses. Ao dizer a uma pessoa que eu era estudante do curso de jornalismo, ela me olhou e, com um jeito desprezível, me disse:
- Você está se preparando para ser um portador de más notícias, não é mesmo? Pois é isso que os jornalistas fazem, só dão notícias ruins, tristes, de tragédia e coisas desse tipo.
No momento, eu estava meio aturdido com tão sincera afirmação e somente consegui dizer que não tinha culpa, pois a vida era assim mesmo, as coisas ruins acontecem e temos que mostrá-las. Na verdade, eu queria dizer outra coisa. Gostaria de ter respondido como um romântico e sonhador da seguinte maneira:
- Pelo contrário meu amigo, nós somos os defensores da democracia, estamos sempre a postos para mostrar o que está errado. Como “superman”, nós desafiamos a lógica das coisas e provamos que não há nada encoberto que a imprensa não consiga desvendar.
Você pôde perceber que ficou meio idealista, mas me perdoem, pois sou um mero estudante de jornalismo e ainda estou no afã da vida acadêmica.
No entanto, percebi que diferente do super homem, eu não terei a função de mostrar o final feliz das coisas e isso ficou bem claro hoje quando abri o jornal. Sei que muitas vezes serei um portador de más notícias, mas elas também são necessárias para mostrar que a vida não é um filme e, mesmo que eu venha a entristecer a bela manhã de alguém no futuro, estarei certo de que cumpri o meu papel, o de mostrar que a vida não é uma película de cinema, mas mesmo assim, existem muitos vilões e devemos desmascará-los.
* Aluno do 6º período de Comunicação Social- Jornalismo em Multimeios da UNEB - Juazeiro/BA