terça-feira, 25 de março de 2008

As mulheres que derrubam o poder estão na moda


Longe de fazer um paralelo entre os escândalos sexuais americanos versos brasileiros, pode-se, pelo menos pensar em alguns pontos nada semelhantes.

Por exemplo, o conceito de prostituição. Atividade milenar e de progressiva ascensão societária, sobretudo no Brasil, parece que estar nesta função ou usar tal artefato para conquistar o poder está mesmo na moda. Em se tratando de Brazil, tudo é singular e nada é levado tão a sério. Um exemplo instigante disso é a charge que acompanha este texto.

Conceitos morais, ético, honradez, vergonha pública e familiar não fazem parte do repertório de políticos brasileiros, sobretudo no quesito monogâmico. Sem entrar nos particulares sócio-político, podemos perceber que além da prática libidinosa, exercício comum dos profissionais dessa área, outros dois elementos são adicionados ao lamaçal. São eles: a projeção midiática e os dividendos dessa projeção. Tanto americanas como brasileiras fazem com supremacia esta prática.

Ashley Dupré, que ficou conhecida semana passada como pivô da renúncia do governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, ganhou mais de US$ 1 milhão com os downloads de músicas interpretadas por ela. Pelo menos é o que anuncia a imprensa novaiorquina. A aspirante à cantora começou sua “carreira meteórica” depois de derrubar um homem, ou melhor, o poder político de um homem.

Por aqui, as coisas não são tão diferentes. Afinal, Mônica Veloso, conhecida como a mulher que abalou a república, parece estar bem confortável depois do abalo sísmico, do tira-a-tira a roupa e mostra tudo na revista Playboy, do entra e sai de entrevistas em veículos diversos e agora posando de profissional/apresentadora em um programa de carro (mesmo sem entender) na TV. Tudo muito simplório e natural. Afinal, no Brasil, por exemplo, escândalos são feitos para serem vistos e esquecidos posteriormente.

E num intercâmbio entre Brasil X EUA está uma outra personagem desse mundo glamouroso das relações intersexuais: a cafetina Andréia Schwartz. Luzes, câmeras, máquinas fotográficas, MP4, gravadores e microfones acompanhados dos representantes da imprensa (e não ao contrário...) correm desesperadamente para cobrir, registrar, focar e mostrar a chegada em São Paulo e depois no Espírito Santo da “exportadora” Andréia que foi condenada pela Justiça americana por explorar prostituição e porte de drogas.

Andréa, que faz parte da rede conectiva da qual Ashley Dupré é integrante, chega ao Brasil como “heroína”. Arruma assessor de comunicação e ainda escolhe os veículos para ser entrevistada. Pouco? Que nada... a mídia corre desesperadamente atrás das migalhas que sobram dos que foram escolhidos para espetacularizar o que já é ridículo de ser visto.

Moralismo à parte, resta fazer novamente uma grande rediscussão sobre as pautas que devem ou não ser apuradas pela grande mídia e a relevância que muitos desses assuntos recebem a ponto de perdermos o referencial como sociedade. Passamos a ver e assistir tudo o que se diz ser informação. E nossa real comunicação entra de ralo abaixo porque o covil dos ratos foi aberto. Tudo e qualquer coisa é midiático. É notícia.